segunda-feira, 4 de agosto de 2014

0 comentários
amanhece,
e no céu
não brota
o sol
quando
nas ruas
sem esquina
as lacunas
se erguem,
o peito alucina
entre
asfalto e
pedregulho
concreto e
barulho
vapor e
entulho.
o nublado
segue
como uma
sombra
que assombra
a cada sinal,
porta de buteco
e rastro animal.
Se alastra
pelos muros
um eco
que grita
colorido
compensando
o alicerce
torto desvairado
e dolorido.
II.
O SOL
NÃO BROTA
E NO CÉU
AMANHECE
um senhor grisalho, barbudo e desconexo,
pedindo ao mundo
algo que até as seis
não pereça
um stand vermelho e amarelo
de boca aberta
vomitando
panfletos e folhetins
um pedaço de papelão
escrito a carvão
por dedos desmilinguidos
escrito, bruto:
almoço
um quarto de hotel
que na ponta dos pés
salta até
a avenida
um frio
amolado feito espada
enfincada na beira
da espinha
uma mala
pedindo toalha
a cada
lombada
uma alma
(varias, com certeza)
pedindo a morte da sede
por um copo d'água
uma luz
que brota
no céu
mas não é o sol
é um avião
pedindo arrego.